Cardeais enviam cinco Dubia ao Papa Francisco ante o Sínodo sobre a Sinodalidade

A dubia (plural latino de dubium) é um conjunto de perguntas ao Sumo Pontífice que expressam as preocupações dos cardeais assinantes. Eles podem esclarecimentos sobre pontos de doutrina de disciplina antes da abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade. As questões foram enviadas pelo Cardeal Walter Brandmüller, Cardeal Raymond Burke, Cardeal Zen Ze-Kiun, Cardeal Juan Sandoval Íñiguez e Cardeal Robert Sarah. O documento foi enviado em 21 de agosto solicitando clareza sobre tópicos relacionados ao desenvolvimento doutrinário, à bênção das uniões do mesmo sexo, à autoridade do Sínodo sobre a Sinodalidade, à ordenação de mulheres e à absolvição sacramental. Os prelados afirmam ter apresentado uma versão anterior das dubia em 10 de julho e recebeu uma resposta do Papa Francisco no dia seguinte. Porém, o Papa respondeu com respostas completas, e não na forma habitual de respostas “sim” e “não”, o que tornou necessário apresentar um pedido de esclarecimento revisto, o que foi feito no dia 21 de agosto. A reformulação foi para suscitarem respostas de “sim” ou “não”. Os cardeais recusaram a mostrar a resposta do papa de 11 de julho, pois afirmam que a resposta foi dirigida apenas a eles e, portanto, não se destinava ao público. Eles também afirmam ainda não terem recebido resposta às dubia reformuladas e enviadas ao papa em 21 de agosto. Em carta aos fiéis datada de hoje, os cardeais explicaram que decidiram submeter as dubia “em vista de várias declarações de prelados altamente colocados” feitas em relação ao próximo Sínodo que foram “abertamente contrárias à doutrina constante e disciplina da Igreja.” A prática e uso de dubia A prática de emitir dubia ganhou destaque durante o pontificado do Papa Francisco. Em 2016, os cardeais Burke e Brandmüller, com os falecidos cardeais Carlo Caffarra e Joachim Meisner, apresentaram cinco dubia ao Papa Francisco buscando esclarecimentos sobre a interpretação da exortação apostólica Amoris Laetitia, particularmente no que diz respeito à admissão de católicos divorciados e recasados aos sacramentos. Em 2021, a DDF emitiu uma responsa ad dubium dando um simples “não” a uma dúvida sobre se a Igreja tem “o poder de dar a bênção às uniões de pessoas do mesmo sexo”. Nesse mesmo ano, o Dicastério para o Culto Divino emitiu uma responsa ad dubia sobre várias questões relacionadas com a implementação dos Custódios Traditionis, o motu proprio do Papa Francisco que restringe a Missa Tradicional em Latim. Então, em janeiro deste ano, o Padre Jesuíta James Martin enviou diretamente ao Papa Francisco um conjunto de três dubia em busca de esclarecimentos sobre os comentários que o Santo Padre fez à Associated Press sobre a questão da homossexualidade. O Papa respondeu às perguntas com uma carta manuscrita dois dias depois. O conteúdo das dubia A primeiro questão diz respeito ao desenvolvimento da doutrina e à afirmação feita por alguns bispos de que a revelação divina “deve ser reinterpretada conforme as mudanças culturais do nosso tempo e conforme a nova visão antropológica que essas mudanças promovem; ou se a revelação divina é obrigatória para sempre, imutável e, portanto, não deve ser contradita”. Assim, os cardeais questionam: “É possível que a Igreja hoje ensine doutrinas contrárias àquelas que ela ensinou anteriormente em questões de fé e moral, seja pelo Papa ex cathedra, ou nas definições de um Concílio Ecumênico, ou no magistério ordinário universal dos bispos dispersos pelo mundo (cf. Lumen Gentium, 25)?” Na segundo pergunta, sobre a bênção das uniões do mesmo sexo, sublinharam o ensinamento da Igreja baseado na revelação divina e nas Escrituras de que “Deus criou o homem à sua imagem, homem e mulher, criou-os e abençoou-os, para serem frutíferos” (Gen. 1:27-28), e o ensinamento de São Paulo de que negar a diferença sexual é a consequência da negação do Criador (Rm 1:24-32). Eles então perguntam ao Papa duas coisas: primeiro, se, em “algumas circunstâncias”, um padre abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo é possível que: “O comportamento homossexual como tal não seria contrário à lei de Deus e à jornada da pessoa em direção a Deus?” Ligados a essa pergunta, os cardeais também questionaram se o ensinamento da Igreja continua a ser válido de que: “Todo ato sexual fora do casamento, e em particular os atos homossexuais, constitui um pecado objetivamente grave contra a lei de Deus, independentemente das circunstâncias em que ocorre e da intenção com que é realizado.” No terceiro questionamento, os cardeais falam sobre a sinodalidade, se ela pode ser o critério mais elevado de governo da Igreja sem comprometer “a sua ordem constitutiva desejada pelo seu Fundador”, dado que o Sínodo dos Bispos não representa o colégio dos bispos, mas é “apenas um órgão consultivo” do Papa. Assim, formularam a dubium: “O Sínodo dos Bispos, que se realizará em Roma, e que inclui apenas uma representação escolhida de pastores e fiéis, exercerá, nas questões doutrinais ou pastorais sobre as quais for chamado a exprimir-se, a autoridade suprema da Igreja, que pertence exclusivamente ao Romano Pontífice e, una cum capite suo, ao colégio dos bispos (cf. cân. 336 C.I.C.)?” Na quarta dúvida, os cardeais abordaram declarações de alguns prelados, novamente “nem corrigidas, nem retratadas”, que dizem que, como a “teologia da Igreja mudou”, as mulheres podem ser ordenadas sacerdotes. Eles, portanto, perguntaram ao Papa, considerando o ensinamento do Concílio Vaticano II e a carta apostólica de São João Paulo II, Ordinatio Sacerdotalis, se “Poderia a Igreja no futuro ter a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, contradizendo assim que a reserva exclusiva deste sacramento aos homens batizados pertence à própria substância do sacramento da ordem, que a Igreja não pode mudar?” A última questão diz respeito à insistência frequente do Santo Padre de existir o dever de absolver a todos e sempre, de modo que pareça que o arrependimento não seja uma condição necessária para a absolvição sacramental. Os cardeais perguntaram se a contrição do penitente continua a ser necessária para a validade da confissão sacramental e, portanto, se: “Pode um penitente que, embora admitindo um pecado e se recuse a ter, de qualquer

Papa Francisco visita a Mongólia

O Papa Francisco pousou nesta sexta-feira na Mongóliga, tornando-se o primeiro papa a visitar o país soberano mais escassamente povoado do mundo. A chegada na capital da Mongólia, Ulaanbaatar, foi às 9h52, horário local, deste dia 1º de setembro. O pontífice foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores e por uma jovem que ofereceu ao papa uma xícara de coalhada seca tradicional da Mongólia. A bordo do avião em que viajou, o Papa relatou aos jornalistas que visitar a Mongólia é encontrar “um povo pequeno, mas uma grande cultura”. “Acho que nos fará bem compreender este silêncio… compreender o que significa, mas não intelectualmente, com os sentidos. A Mongólia pode ser compreendida com os sentidos”, disse ele. Quase do tamanho do estado do Amazonas, a Mongólia tem cinco pessoas por quilômetro quadrado. 30% da sua população é nômade ou semi-nômade. Ao norte, o país faz fronteira com a Rússia e, ao sul, com China. O país também é o segundo maior sem litoral e o vasto deserto de Gobi cobre um terço do seu território. O Papa Francisco passará o primeiro dia na capital mongol descansando na prefeitura apostólica. Seu primeiro evento público será uma cerimônia de boas-vindas no dia 2 de setembro na Praça Sükhbaatar da cidade com o Presidente Ukhnaagiin Khürelsükh. Mais tarde, ele se reunirá com a pequena comunidade católica do país na Catedral da cidade. A Prefeitura Apostólica de Ulaanbaatar tem jurisdição sobre toda a Mongólia. Com 1.450 católicos no país, representando muito menos que 1% dos 3,3 milhões de habitantes, a área missionária não tem católicos suficientes para justificar uma diocese. A primeira missão moderna na Mongólia ocorreu em 1922 e foi confiada à Congregação do Imaculado Coração de Maria. À época, o governo logo suprimiu a expressão religiosa. A situação perdurou até 1992. Porém, o primeiro sacerdote nativo da Mongólia foi ordenado só em 2016. No ano passado, o Papa Francisco nomeou um italiano que serviu como missionário na Mongólia durante quase 20 anos como o cardeal mais jovem do mundo. O cardeal Giorgio Marengo, 49 anos, prefeito apostólico de Ulaanbaatar.

Papa Francisco publicará segunda parte da Laudato Si

O Papa Francisco publicará uma nova Exortação Apostólica no dia 4 de outubro deste ano. Conforme as palavras do Romano Pontífice, o texto será uma segunda parte para a encíclica Laudato Si. A data coincide com a conclusão do chamado “Tempo da Criação”, que se celebra de 1º de setembro a 4 de outubro de 2023, dia em que se comemora São Francisco de Assis. No dia 26 de agosto, o Papa já anunciará trabalhar no documento, durante uma audiência com uma delegação de advogados dos países-membros do Conselho da Europa. A Encíclica Laudato Si foi publicada em 24 de maio de 2015. O título é retirado do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis. Conforme o Pontífice, é uma encíclica “social” e um convite “a parar e pensar sobre os desafios do meio ambiente”. Nele, o Papa apela ao cuidado da criação como uma necessidade para o cuidado integral da pessoa, e recorda que “a deterioração do ambiente e da sociedade afeta de maneira especial os mais fracos”. O documento gerou polêmicas por assumir muitas perspectivas dos que propagadores do Aquecimento Global Antropogênico, ou seja, causado pelo homem. Tese que não é unanimidade no mundo acadêmico. Ao longo do chamado “Tempo da Criação”, realizar-se-ão eventos globais e regionais cobrindo diversos temas, com serviços de oração e uma vigília ecumênica de oração na Praça de São Pedro, no Vaticano, organizada por Taizé no dia 30 de Setembro. Também será realizada a aprovação e promoção do Tratado de “Não Proliferação de Combustíveis Fósseis (TNPCF)”. O Movimento Laudato Si estendeu um convite especial para se juntar à campanha para orar e agir pela justiça climática antes da COP 28.

Papa Francisco recebe Bill Clinton e o filho de George Soros em visita privada ao Vaticano

O encontro privado não foi anunciado pela Sala de Imprensa da Santa Sé. A visita aconteceu sem comunicado prévio, e o Papa Francisco recebeu o ex-presidente dos EUA Bill Clinton e o filho e sucessor de George Soros, Alexander Soros, em uma visita cordial ao Vaticano. No final da noite de 5 de julho, as contas de mídia social do Vatican News postaram um pequeno videoclipe do Papa Francisco recebendo o ex-presidente Clinton e sua comitiva no hotel Casa Santa Martha. De acordo com uma reportagem posterior do Vatican News – que parece ser a única informação oficial divulgada sobre o encontro – Clinton e Francisco falaram sobre “paz”. Pope Francis met Wednesday with former US President Bill Clinton, along with a delegation, at the Pope's residence at the Casa Santa Marta. pic.twitter.com/jMOSfP0RuN — Vatican News (@VaticanNews) July 5, 2023 Clinton, de 75 anos, é famoso por seu caso sexual adúltero com uma jovem estagiária da Casa Branca e subsequente impeachment por perjúrio e obstrução da justiça, bem como por seu apoio inflexível ao aborto e ao “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Saudando calorosamente o ex-presidente, Francisco o presenteou com uma estátua feita no Vaticano que “simboliza o trabalho pela paz”, segundo o pontífice. Embora não reconhecido no breve relatório do Vaticano, que acompanhava Clinton estava Alexander Soros, de 37 anos – filho e sucessor do notório defensor do aborto e do controle populacional, George Soros. Ele tem acompanhado Clinton em viagens recentes, com o partido vindo direto da Albânia no dia anterior, onde Clinton havia recebido a Grande Estrela de Gratidão por Conquistas Públicas. Foi anunciado recentemente que Alexander assumiu as rédeas do grupo Open Society Foundations de seu pai, após ser eleito presidente do império de US$ 25 bilhões. Alexander Soros prometeu ser mais político do que seu pai, uma declaração que ele parecia cumprir. Com Soros amplamente conhecido como ligado a, e tendo financiado, uma ampla variedade de empreendimentos anti-família, anti-vida e anticatólicos, Alexander parece pronto para continuar os trabalhos de seu pai. Falando ao Journal, revelou que investiria mais dinheiro na promoção do aborto. A reunião no Vaticano não foi anunciada aos jornalistas, nem foi incluída na agenda do Papa. As reuniões privadas e públicas de Francisco foram ostensivamente canceladas para o mês de julho como parte do recesso regular de verão que o Vaticano tradicionalmente observa, embora Francisco seja conhecido por não observar tanto intervalo quanto seus predecessores.

Papa Francisco recebe alta e volta ao Vaticano

O Papa Francisco retornou ao Vaticano na manhã de sexta-feira após receber alta do hospital Gemelli Policlinic. No trajeto, fez o seu desvio habitual para rezar diante do Ícone da Santíssima Virgem em Santa Maria Maggiore. O Santo Padre também parou na Basílica ao retornar ao Vaticano, após sua hospitalização por bronquite em 1º de abril de 2023 e após sua cirurgia de cólon em 14 de julho de 2021. O pontífice foi internado para uma cirurgia abdominal em 7 de junho. Ao deixar o hospital, o Papa Francisco cumprimentou os presentes, parando por um momento para algumas saudações. O cirurgião do Papa, Dr. Sergio Alfieri, disse que o Papa está bem, ainda melhor do que antes. Respondendo às perguntas de jornalistas sobre como está, o Papa respondeu “ainda estou vivo” e expressou sua dor pelas trágicas mortes de migrantes na Grécia. O Papa Francisco deve retomar as viagens e suas atividades normais, mas não deve levantar objetos pesados, de acordo com seus médicos. As audiências do Papa foram suspensas até domingo, 18 de junho, para ele terminar o processo de recuperação. Angelus dominical do Papa está confirmado. Suas viagens para Portugal, de 2 a 6 de agosto, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, e à Mongólia, de 31 de agosto a 4 de setembro, estão mantidas. Ontem pela manhã, o Papa Francisco fez uma visita à enfermaria de câncer infantil do hospital, que havia visitado durante sua última estada no hospital antes da Semana Santa para bronquite. Informações com o Vatican Media.

Secretário de Estado do Vaticano confirma missão de paz do Vaticano

O cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, confirmou a fala do Papa de que uma missão de paz está em andamento parra acabar com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Ele também se declarou surpreso com a negação de Moscou e Kyiv, pois disse que ambos os governos foram informados da missão. Durante o voo de volta de Budapeste, capital da Hungria, o Papa Francisco declarou que há uma missão em andamento para acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Posteriormente, autoridades de ambos os países negaram conhecer tal iniciativa. As declarações do cardeal Parolin foram feitas durante a apresentação de um livro, após ser questionado por um dos jornalistas presentes. Questionado sobre mais informaçoes sobre a missão de paz que o Vaticano está organizando, o cardeal disse para esperar por mais informações quando o Papa as divulgar.

Vaticano enviará representante do Papa à coroação de Charles III

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, representará o Papa na coroação do rei britânico Charles III no sábado, 6 de maio. Cerca de 2.200 pessoas foram convidadas para a cerimônia. Também estará presente o cardeal Vincent Nichols, arcebispo católico de Westminster. Ele também fará uma bênção durante a coroação. É a primeira vez desde a Reforma que um prelado católico participa formalmente da cerimônia. Líderes cristãos de todo o Reino Unido foram convidados a conceder formalmente uma bênção ao novo rei. A Igreja da Inglaterra, explicou que: “O progresso das relações ecumênicas desde 1953 significa que, pela primeira vez, esta bênção será compartilhada por líderes cristãos em todo o país”. As bênçãos ocorrerão após o arcebispo de Canterbury coroar o rei Carlos III. Os sinos da Abadia de Westminster soarão por dois minutos e, então, ocorrerão as bênçãos oficiais. Importa lembrar que a bênção católica e de outros cristãos ocorre em meio a suspeitas de que o Rei Charles III se converteu ao islamismo.

Líderes siro-malabares discutirão paz duradoura para ‘guerra litúrgica’ no Vaticano

Espera-se que líderes católicos indianos e funcionários do Vaticano discutam a crise litúrgica da Igreja siro-malabar em Roma esta semana. A reunião foi anunciada em 1º de maio pelo cardeal George Alencherry, chefe da Igreja Católica Oriental autônoma com sede no sul da Índia. Em uma carta aos católicos siro-malabares, Alencherry disse que os membros do Sínodo Permanente da Igreja manterão discussões no dia 4 de maio com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e o prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, o arcebispo Claudio Gugerotti. Alencherry explicou que sua delegação abordaria a situação na Arquiparquia de Ernakulam-Angamaly “com vistas a encontrar uma solução duradoura para o atual impasse”. “Peço-lhes que rezem sinceramente pelo sucesso do encontro, para que juntos possamos dar passos eficazes para encontrar uma solução duradoura para a situação problemática na Arquiparquia de Ernakulam-Angamaly”, escreveu o cardeal de 78 anos. , que é o Arcebispo Maior de Ernakulam-Angamaly, mas não é responsável pelo funcionamento diário da arquiparquia. O cardeal disse que o acompanhariam a Roma o arcebispo Mathew Moolakkatt, o arcebispo Andrews Thazhath, o arcebispo Joseph Perumthott A arquiparquia de Ernakulam-Angamaly – a maior e mais proeminente sede da Igreja Siro-Malabar – é o principal ponto crítico em uma “guerra litúrgica” de décadas marcada por brigas de rua, greves de fome e a queima de efígies de cardeais. A controvérsia tomou um novo rumo pouco antes do Natal, quando grupos rivais se enfrentaram dentro da catedral da arquieparquia. Na confusão, o altar foi arrastado pelo santuário pelos manifestantes, derrubando vasos sagrados no chão. A Basílica da Catedral de Santa Maria em Ernakulam foi liberada pela polícia e fechada, forçando os paroquianos a celebrar o Natal em outro lugar. O contínuo fechamento da catedral, conhecida como a igreja mãe dos católicos siro-malabares, está sendo questionado nos tribunais da Índia. Divisões sobre uma liturgia unificada A disputa litúrgica está enraizada na dupla identidade da Igreja Siro-Malabar como uma Igreja Católica Oriental com uma antiga liturgia de rito siríaco oriental e um corpo que experimentou séculos de latinização e tem fortes laços com Roma. No século 20, surgiu um movimento buscando estabelecer um modo único e unificado de celebrar a liturgia eucarística, conhecido como o Santo Qurbana. Depois de décadas de debate, a maioria dos bispos endossou uma fórmula conhecida como “modo uniforme”, em que o padre fica de frente para o povo durante a Liturgia da Palavra, se volta para o altar para a Liturgia da Eucaristia e depois fica de frente para o povo novamente depois da comunhão. Os advogados apresentaram o novo modo – também conhecido como “fórmula 50:50” – como um compromisso entre a antiga tradição da Igreja, na qual o padre era posicionado ad orientem (em direção ao leste), e a prática pós-Vaticano II em que o padre enfrentou o povo durante toda a liturgia. A maioria dos cerca de 4 milhões de membros da Igreja aceitou a mudança. Depois que o Sínodo dos Bispos – órgão supremo da Igreja – apelou em agosto de 2021 pela adoção universal do modo uniforme, 34 das 35 dioceses atenderam ao pedido, com oposição esporádica. Mas na arquiparquia de Ernakulam-Angamaly, a grande maioria dos padres e leigos rejeitou o modo uniforme, exigindo que sua preferência pelo Sagrado Qurbana voltado para o povo fosse reconhecida como uma variante litúrgica legítima. Eles observaram que a variante tem sido usada na arquidiocese por mais de 50 anos e argumentaram que ela incorporava as prioridades litúrgicas do Vaticano II mais fielmente do que o modo uniforme. Sua resistência, envolvendo protestos de rua e comícios em massa, frustrou as tentativas de introduzir a mudança, apesar de um apelo direto do Papa Francisco para adotar o modo uniforme. Conflitos na catedral As tensões aumentaram na arquiparquia em julho de 2022, quando o arcebispo Andrews Thazhath foi nomeado administrador apostólico. Ele sucedeu o respeitado vigário arquiepiscopal de Ernakulam-Angamaly, o arcebispo Antony Kariyil , que alegou ter sido forçado a renunciar depois de dispensar os padres da arquieparquia de adotar o novo modo. Em uma carta circular em setembro de 2022, Thazhath apelou às paróquias para que adotassem a liturgia uniforme o mais rápido possível. Os manifestantes responderam queimando publicamente cópias da carta e cerca de 250 padres declararam o arcebispo “inapto” para governar a arquiparquia. No primeiro domingo do Advento, o início de um novo ano litúrgico, Thazhath tentou entrar na catedral de Ernakulam para celebrar a liturgia de acordo com a fórmula 50:50. Mas os manifestantes o bloquearam nos portões da catedral. Thazhath, que foi eleito presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Índia ( CBCI ) em novembro passado, recebeu proteção policial , alegando que tinha motivos para temer por sua vida. Após novos confrontos na catedral pouco antes do Natal, Thazhath anunciou a criação de uma comissão para investigar os distúrbios. Entende-se que um relatório foi enviado ao Vaticano, que dizem estar levando os incidentes da catedral muito a sério. As cenas na catedral prejudicaram um esforço de reconciliação liderado por três bispos – o arcebispo Mathew Moolakkatt, o arcebispo Joseph Pamplany e o bispo José Chittooparambil – que foram solicitados pelo sínodo permanente da Igreja a manter discussões com o clero e representantes leigos na arquieparquia. Thazhath continuou a encontrar resistência em 2023. Sua posição de que a catedral pode reabrir assim que seu clero estiver disposto a celebrar a liturgia uniforme irritou os moradores locais, que insistem que os padres devem ser livres para celebrar o Sagrado Qurbana voltado para o povo. Rumores de separação Não está claro se os membros do sínodo permanente trarão uma proposta específica para resolver a crise na reunião do Vaticano de quinta-feira. Rumores locais afirmam que existe um plano para dividir a arquidiocese . Uma versão sugere que parte da arquiparquia poderia ser quebrada para criar uma pequena diocese para o Arcebispo Maior, Cardeal Alencherry, alterando significativamente o status da arquiparquia dentro da Igreja Siro-Malabar. Tal movimento seria extremamente controverso, pois levantaria questões sobre propriedade em uma arquieparquia onde a venda de terras da igreja levou à perda de supostos US$ 10 milhões e processos nos tribunais civis da Índia. A carta de Alencherry de 1º de maio mencionou duas vezes o objetivo de encontrar uma “solução duradoura” para a crise. Mas é difícil ver como uma resolução pode ser encontrada enquanto ambos os

Papa denuncia ‘colonização’ da ideologia de gênero e aborto

Durante a visita à Hungria, o Papa Francisco denunciou o aborto e a ideologia de gênero, citando ambos como exemplos de “colonização ideológica”. A denúncia do papa ocorreu durante um discurso em Budapeste para autoridades civis e outros dignitários em um antigo mosteiro carmelita. O Papa também lamentou as “formas autorreferenciais de populismo” e “supranacionalismo” que ganham força na Europa. “Este é o caminho funesto percorrido por aquelas formas de ‘colonização ideológica’ que anulariam diferenças, como no caso da chamada teoria de gênero, ou que colocariam diante da realidade da vida conceitos redutores de liberdade, por exemplo, ao alardear como progresso um ‘direito ao aborto’ sem sentido, que é sempre uma derrota trágica”, disse o Papa, que está em Budapeste em sua visita de três dias. Antes de seu discurso, o Papa Francisco se encontrou com a presidente da Hungria, Katalin Novák, e o primeiro-ministro, Viktor Orbán. Ambos os políticos possuem iniciativas centradas na família, incluindo bônus do governo de US$ 33.000 para casais que têm três filhos. As medidas do governo ajudaram a aumentar a taxa de natalidade. O aborto é legal na Hungria até as primeiras 12 semanas de gravidez. É permitido até 24 semanas sob certas condições. Em novo decreto emitido no ano passado, as mulheres que procuram um aborto devem primeiro ouvir os batimentos cardíacos do feto.

Francisco: “o risco não desapareceu: penso na transição do comunismo para o consumismo”

O Papa Francisco encerrou sua viagem apostólica à Hungria depois de realizar um encontro com o mundo acadêmico e universitário na Universidade Católica Péter Pázmány, além de ter participado da cerimônia de despedida no aeroporto internacional de Budapeste. Na universidade católica, o Santo Padre referiu-se ao conhecimento, aos avanços técnicos, à sensação de ser e ter, ao risco de o homem se deixar esmagar pelas máquinas, perder o contato com a realidade e a capacidade de cultivar o espírito. Fez também referência ao perigo “daquelas ideologias que carregam uma falsa ideia de liberdade e ao que viveu a Hungria, que assistiu à sucessão de ideologias que se impuseram como verdades, mas que não deram liberdade”. “Ainda hoje” -afirmou- “o risco não desapareceu: penso na passagem do comunismo ao consumismo. Em comum, ambos os ‘ismos’ contêm uma falsa ideia de liberdade; a do comunismo era uma ‘liberdade’ forçada, limitada de fora, decidida por outro; a do consumismo é uma ‘liberdade’ libertária, hedonista, achatada em si mesma, que escraviza o consumo e as coisas”. Francisco afirmou que “é fácil passar dos limites impostos ao pensamento, como no comunismo, para um pensamento sem limites, como no consumismo, e de uma liberdade que se restringe a uma liberdade sem freios”. “Jesus ensina que é a verdade que liberta o homem das suas dependências e dos seus fechamentos”, sublinhou o Papa, acrescentando que “a chave para aceder a esta verdade é um conhecimento que nunca se desvincula do amor, relacional, humilde e aberto, concreto e comunitário, corajoso e construtivo”. O Papa também disse que a cultura é como “um grande rio” que “permite navegar pelo mundo e abraçar países e terras distantes, satisfaz a mente, rega a alma e faz crescer a sociedade”. “A própria palavra cultura deriva do verbo cultivar. O conhecimento implica uma semeadura diária que, penetrando nos sulcos da realidade, dá frutos”, disse o Bispo de Roma. A seguir, o pontífice citou Romano Guardini, que se referiu a duas formas de conhecer: uma delas é aquela que “nos leva a mergulhar nas coisas e no seu contexto”, e outra que “consiste em apreender, decompor, classificar, tomar posse do objeto, domine-o. Este último, disse ele, em que “energia e matéria foram conduzidas para um único fim: as máquinas”. Nesta linha, o Papa esclareceu que Guardini “não demoniza a tecnologia, que nos permite viver melhor, comunicar e ter muitas vantagens, mas alerta para o risco de que ela se torne reguladora, senão dominadora, da vida”, e convidou a pensar, entre outras coisas, “da crise ecológica, da natureza que simplesmente reage ao uso instrumental que lhe demos”. Assegurou ainda que esse risco se reflete “na solidão de indivíduos muito ‘redes sociais’ mas ‘anti-sociais’”, que recorrem à técnica “para preencher o vazio que experimentam, correndo de forma ainda mais frenética enquanto, escravos do capitalismo selvagem, sentem ainda mais dolorosamente suas próprias fragilidades, numa sociedade onde a velocidade externa anda de mãos dadas com a fragilidade interna”. Diante deste panorama, o Papa chamou a refletir sobre a “arrogância de ser e ter”, onde o “paradigma tecnocrático exaspera, com certo uso de algoritmos que podem representar um risco ulterior de desestabilizar o humano”. De fato, citando Benson, o Papa alertou contra “ideologias opostas” que convergem “numa homologação que coloniza ideologicamente”. “O homem, em contato com as máquinas, achata-se cada vez mais, enquanto a vida comum se torna triste e rarefeita”, continuou o pontífice, que perante tal panorama, pediu que a universidade seja um lugar onde o pensamento “nasce, cresce e amadurece aberto e sinfônico, o ‘templo’ onde o conhecimento é chamado a se libertar dos limites estreitos do ter e do possuir para se tornar cultura, ou seja, o ‘cultivo’ do homem e suas relações fundamentais: com o transcendente, com a sociedade, com a história , com a criação”. O Papa recordou o que foi afirmado pelo Concílio Vaticano II, no qual “a cultura deve estar subordinada ao aperfeiçoamento integral da pessoa humana, ao bem da comunidade e de toda a sociedade humana”. Portanto, é preciso cultivar o espírito de modo que se promova a capacidade de admiração, intuição, contemplação e julgamento pessoal, bem como o poder de cultivar o senso religioso, moral e social’. Francisco disse que a cultura “nos acompanha no conhecimento de nós mesmos”, o que significa “saber reconhecer os próprios limites e, consequentemente, refrear a presunção de autossuficiência”, afirmando que isso “faz bem, porque se trata de todos nos reconhecermos como criaturas quando nos tornamos criativos, mergulhando no mundo, em vez de dominá-lo”. Por fim, desejou que esta universidade, junto com todas as outras, fossem centros de universalidade e liberdade, “uma fecunda obra de humanismo, uma oficina de esperança”. Fonte: https://www.infocatolica.com/?t=noticia&cod=46321