O que mudou entre o relatório preliminar e o relatório resumido do Sínodo da Sinodalidade

A assembleia do Sínodo da Sinodalidade aprovou o relatório resumido com 42 páginas na noite de sábado. E mudanças significativas ocorreram entre o rascunho inicial e o texto final, que servirá de base para a sessão do Sínodo de outubro de 2024. O relatório resumido final não incluiu o termo “LGBTQ+”, que estava presente no rascunho do documento entregue aos membros do Sínodo na quarta-feira, 25 de outubro. A expressão de constava tanto no instrumentum laboris do Sínodo como, de forma diferente, na versão inicial. Da mesma forma, uma proposta que parecia apelar a um Sínodo permanente em sessão que proporcionasse consultas ao Papa não foi incluída no relatório resumido final. Os trechos que sugerem a necessidade de reconsiderar até que ponto “a diferença sexual deve moldar a eclesiologia e as abordagens ao ministério” também foram removidos. Eles aparentavam propor mudar o entendimento da Igreja de que apenas os homens são elegíveis para serem ordenados às ordens sagradas e, portanto, exercerem certos ministérios de ensino, governação e santificação. No total, 1.251 emendas foram apresentadas ao texto pelos delegados do Sínodo, e uma equipe de redatores trabalhou para incorporá-las na versão final antes de ser entregue aos membros no sábado e votada mais tarde à noite. Cada parágrafo do relatório resumido final foi aceito pela assembleia com o mínimo de dois terços para aprovação. Elementos completamente ausentes do rascunho foram acrescentados. Um exemplo particularmente notável disto foi o acréscimo de uma proposta para colocar os homens que deixaram o sacerdócio num “serviço pastoral que melhore a sua formação e experiência”. A proposta prevê análise caso a caso. Também se acrescentou referências que sublinham a importância do ensino da Igreja. A palavra “magistério”, referindo-se ao ensinamento oficial da Igreja Católica, aparece 10 vezes na versão final, ao invés das quatro referências feitas no rascunho original. Para citar um exemplo, uma proposta de que um grupo de especialistas se envolvesse num “discernimento partilhado” foi ajustada para sublinhar que o discernimento deve ser conduzido “à luz da Palavra de Deus, do ensinamento da Igreja, das reflexões teológicas e valorizando a experiência sinodal”. O objetivo do grupo é discernir sobre “questões doutrinais, pastorais e éticas”, incluindo as relacionadas com o gênero, a sexualidade e o fim da vida. Rejeição da terminologia “LGBTQ+” O instrumentum laboris incluia frases como “católicos LGBTQ+” e “pessoas LGBTQ+”. Porém, o uso da expressão é contestado por muitos bispos e teólogos. O argumento é que ela enquadra de forma inútil as atrações sexuais e/ou sentido de gênero de um indivíduo como uma parte fundamental da sua identidade. Outros, no entanto, pressionaram para que os documentos da Igreja incluíssem a terminologia, popular no ocidente secular, mas com forte resistência em lugares como África e Europa Oriental. Após as discussões na assembleia, o rascunho inicial do relatório usava “pessoas que se identificam como LGBTQ+”, expressam considerada menos problemática, porque usa “LGBTQ+” como uma identificação subjetiva, não como um estado de ser. No entanto, quando o relatório resumido final foi divulgado, qualquer menção a “LGBTQ+” foi totalmente removida. No lugar, o documento falava de “pessoas que se sentem marginalizadas ou excluídas da Igreja devido à sua situação conjugal, identidade e sexualidade”. O relatório resumido, no entanto, utilizou os termos “orientação sexual” e “identidade de gênero” num determinado momento. A ausência da terminologia “LGBTQ” foi percebida como um grande golpe por alguns ativistas e figuras da mídia. O membro do Sínodo, padre jesuíta James Martin, um padre americano que usa regularmente o paradigma “LGBTQ+” em seu ativismo e ministério, expressou sua decepção. Um cenário semelhante ocorreu em 2018. Na ocasião, durante o Sínodo sobre os Jovens, o termo “LGBTQ” apareceu no instrumentum laboris, embora não tenha sido mencionado no relatório apresentado pelos jovens que participaram na reunião pré-sinodal. A inserção do termo foi saudada como um divisor de águas pela mídia e por ativistas, mas o documento final do Sínodo sobre os Jovens não incluiu nenhuma menção ao termo. O objetivo, de o termo “LGBTQ” aparecer no relatório final da assembleia sinodal, sinalizando que o uso do termo recebeu aprovação universal, consolidando-o mais firmemente no vocabulário da Igreja, foi frustrado mais uma vez. Não haverá ‘Super Sínodo’ O relatório resumido do Sínodo sobre a Sinodalidade sublinhou que os participantes experimentaram “alegria evangélica” ao participarem na assembleia – mas talvez não o suficiente para torná-la uma característica perpétua na Igreja. Assim, a proposta do rascunho “para estabelecer um sínodo permanente de Bispos eleitos pelas Conferências Episcopais para apoiar o ministério petrino” estava ausente do documento final. O Sínodo dos Bispos foi instituído pelo Papa São Paulo VI em 1965, sendo um órgão permanente e canonicamente reconhecido da Igreja. Ele realiza assembleias ordinárias, normalmente a cada três anos, e a maioria dos membros que participam nessas assembleias são eleitos pela respectiva conferência episcopal. A proposta, então, seria provavelmente de algo ainda mais e regular, como um órgão sinodal que estivesse permanentemente “em sessão”. O relatório resumido apresentou esta dinâmica principalmente como positiva, lançando aparentemente as bases para que se tornasse uma característica regular do que tinha sido conhecido como o Sínodo dos Bispos no futuro. A proposta de estabelecer um Sínodo dos Bispos em sessão permanente para aconselhar o Papa foi feita no contexto das mudanças na composição do Sínodo na assembleia deste mês de outubro. A mais notavelmente foi a inclusão de eleitores não-bispos. Foi com esse contexto que a foi lida como uma porta de entrada para a criação de uma espécie de “Super Sínodo”: um corpo de bispos, padres, religiosos e leigos e mulheres que fornece consultas contínuas ao Papa. Não chegando à versão final, em seu lugar estava uma menção ausente da versão preliminar sobre fazer do Conselho dos Cardeais, um grupo de nove prelados seniores que aconselham o Papa Francisco, um “concílio sinodal”. A frase é ambígua, mas dada a associação entre sinodalidade e um maior envolvimento de não-bispos, ela pode apontar para a participação de não-cardeais no “gabinete do Papa” de alguma forma. A mesma seção do relatório resumido também

Terceira semana do Sínodo da Sinodalidade discute questões LGBT e diaconato feminino

Nesta terceira semana, o Sínodo da Sinodalidade aprofundou-se em dois temas tidos como cruciais: o acompanhamento de indivíduos LGBT e o tema de um diaconado feminino. E discutiu a estrutura da Igreja com o objectivo de moldar um futuro mais sinodal. A questão do debate sobre a temática LGBT foi minimizada pelo porta-voz do Vaticano, Paolo Ruffini, que afirmou que “a bênção dos casais homossexuais não é o tema do Sínodo”. No entanto, no dia 17 de outubro, a Irmã Jeannine Gramick, cofundadora do New Ways Ministry, reuniu-se com o Papa Francisco, juntamente de outros três membros da equipe do New Ways. O grupo é uma organização LGBT+ anteriormente denunciada tanto pela Conferência dos Bispos dos EUA como pelo escritório doutrinário do Vaticano por causar confusão sobre a moralidade sexual entre os fiéis católicos. A reunião foi divulgada pela mídia do Vaticano e considerada um endosso à abordagem do Ministério Novos Caminhos do Papa Francisco. No site do Sínodo, foi postado um vídeo do New Ways Ministry que convidava pessoas LGBT a participarem da assembleia e, após polêmica, ele foi removido. Além das questões LGBTQ+, o Sínodo também se envolveu em discussões relacionadas com o diaconato feminino e até contemplou a possibilidade de as mulheres fazerem homilias. Isso já acontece em situações como na Suíça germanófona, onde o padre é tratado quase como um mero oficial de consagração. O tema do “sacerdócio feminino” foi até abordado, levantando questões fundamentais sobre o papel das mulheres na Igreja, apesar das garantias dos organizadores do Sínodo de que mudanças na doutrina não estavam na agenda. Uma intervenção durante uma sessão matinal foi significativa nesta discussão. Respondendo aos apelos para a ordenação de mulheres não apenas ao diaconato, mas em alguns casos também ao sacerdócio, uma participante leiga argumentou que o foco na ordenação de mulheres é uma distração daquilo que as mulheres na Igreja precisam e é uma tentativa de clericalizar os leigos. A intervenção recebeu fortes aplausos. O novo calendário Os organizadores do Sínodo introduziram um calendário totalmente novo para os trabalhos. Mais notavelmente, o projeto do relatório resumido, descrito por Ruffini como “curto e transitório”, será agora apresentado aos delegados como um documento unificado, em vez de ser dividido em duas partes. O objetivo é permitir uma consideração mais substancial do “roteiro” para a próxima fase do processo sinodal que conduz à sessão de conclusão a ser realizada em outubro de 2024. Além disso, uma Carta ao Povo de Deus será publicada no final desta sessão sinodal, marcando uma mudança em relação à prática anterior de divulgá-la apenas no final de todo o processo sinodal. Como resultado, o Sínodo fará uma pausa nas suas atividades na tarde de 23 de outubro e durante todo o dia 24 de outubro para deliberações sobre a Carta da Assembleia ao Povo de Deus, discutida primeiro em círculos menores e depois entre a congregação geral mais ampla. Informações com a CNA.

Quem escreverá o relatório resumido do Sínodo da Sinodalidade?

Além de omitir os nomes de quem está sentado em quais pequenos grupos, o Vaticano também se recusa a compartilhar com os jornalistas a lista completa daqueles que redigirão o relatório de síntese final que reunirá todas as contribuições dos pequenos grupos, grupos e as Congregações Gerais. O porta-voz principal do Sínodo, Paolo Ruffini, disse aos repórteres em 11 de outubro que os principais redatores, os dois secretários especiais do Sínodo, estão sendo assistidos por “especialistas” sinodais, mas acrescentou que “não faz sentido fornecer seus nomes”. Alguns participantes do Sínodo, bem como alguns membros do conselho ordinário – também não foram informados sobre quem exatamente está redigindo o documento. Ruffini disse aos repórteres que “basta saber” os nomes dos 13 membros da comissão do relatório de síntese, anunciada em 10 de outubro, cuja tarefa, segundo os estatutos do Sínodo, “não é escrever, mas supervisionar, alterar e aprovar periodicamente” o projeto de relatório com vista à sua apresentação à assembleia. “Toda a assembleia irá aprová-lo, não apenas aqueles que ajudarem a escrevê-lo”, destacou o porta-voz. O relatório resumido é um documento crucial, pois terá como objetivo incluir uma síntese de todas as discussões votadas nos pequenos grupos. Cada rodada de discussão será resumida e votada. O resultado das votações é discutido em congregações gerais envolvendo todos os participantes do Sínodo. Porém, a falta de tempo significa, em termos práticos, que poucos terão a oportunidade de partilhar os seus pontos de vista. Uma congregação geral no final da assembleia receberá o texto completo do relatório resumido e os participantes terão uma última oportunidade de incorporar quaisquer alterações antes do seu retorno à assembleia para uma votação final sobre o documento. Conforme as regras sinodais, o relatório sumário não é um “documento conclusivo”, mas “visa regular a próxima fase do processo sinodal, que conduzirá à sessão de outubro de 2024, do ponto de vista da metodologia, etapas e temas”. Os secretários especiais Já são conhecidos os dois “secretários especiais” encarregados de preparar o documento com a assistência de especialistas sinodais. Eles são o padre jesuíta Giacomo Costa, da Itália, que chefiou o “grupo de trabalho sintetizador” para a etapa continental do Sínodo no ano passado, e Mons. Riccardo Battocchio, reitor do Almo Collegio Capranica e presidente da Associação Teológica Italiana. Ambos os sacerdotes demonstraram interesse público pela questão da homossexualidade, que tem sido tema de debate durante este Sínodo. O Padre Costa apoiou a legislação italiana anti-homofobia em 2021, que foi contestada tanto pelos bispos italianos como pelo Vaticano e que acabou por não ser aprovada no Senado italiano. O Mons. Battocchio falou na apresentação de um livro chamado Amor Homossexual em 2015, que visava abrir a discussão sobre o tema após sua predominância no Sínodo Extraordinário sobre a Família de 2014. Mas tão cruciais quanto os secretários do Sínodo são especialistas que ajudarão a redigi-lo. Prováveis Especialistas O National Catholic Register apurou que dos especialistas, dois deverão ser autores principais: Anna Rowlands, professora de Pensamento e Prática Social Católica na Universidade de Durham, Inglaterra, e membro do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral; e o Padre Eamon Conway, sacerdote da Arquidiocese de Tuam, na Irlanda, e atualmente professor de Desenvolvimento Humano Integral e Teologia Sistemática na Universidade Notre Dame, na Austrália. Anna Rowlands apresentou uma reflexão teológica ao Sínodo em 9 de outubro sobre o tema “Comunhão: A Festa das Bodas do Cordeiro”, está passando dois anos trabalhando com a Secretaria Geral do Sínodo e com o Dicastério do Vaticano para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral. O seu papel incluiu trabalhar em estreita colaboração com a equipe que gere o processo sinodal global e, no ano passado, desempenhou um papel fundamental no trabalho com o Padre Costa na elaboração do relatório da fase continental, no qual sublinhou a importância de atribuir mais papéis de liderança na Igreja às mulheres. Ela argumenta essa demanda foi frequentemente sublinhada nos relatórios que receberam. A sua universidade afirma que o seu papel no Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral é “apoiar o principal trabalho de investigação do departamento da Santa Sé que trata de questões de política, economia, clima e migração”. Conforme apurado pelo National Catholic Register, Anna Rowlands é uma aliada próxima de Austen Ivereigh, um facilitador do Sínodo, com inclinações progressistas semelhantes às dele, frequentemente republicando suas postagens nas redes sociais com outras pessoas com perspectivas políticas e religiosas semelhantes. Em 16 de outubro, o Vaticano anunciou que Rowlands receberia o Prêmio Razão Expandida da Fundação Vaticano Joseph Ratzinger por um artigo que ela apresentou intitulado: “Rumo a uma Política de Comunhão, Ensino Social Católico em Tempos Obscuros”. O segundo provável autor principal, o Padre Conway, escreveu e editou vários livros e serviu em vários órgãos consultivos do governo irlandês, incluindo a Comissão da Sociedade da Informação e o Painel Consultivo do Gabinete Nacional Irlandês de Aprendizagem sobre o Desenvolvimento Econômico e Social. Em 2012, o Papa Bento XVI nomeou-o conselheiro especialista do Sínodo sobre a Nova Evangelização. Desde 2011, o Padre Conway é presidente da Fundação Peter Hünermann para o Avanço da Teologia Católica na Europa. Em 2014 foi nomeado para um painel de peritos da Agência da Santa Sé para a promoção da garantia de qualidade nas universidades pontifícias e faculdades eclesiásticas por um período de cinco anos, e em 2015 foi nomeado para o Comitê de Teologia da Conferência Episcopal Irlandesa. Os seus interesses de investigação incluem os trabalhos de Karl Rahner e Hans Urs von Balthasar; fé e cultura, especialmente a interface entre cultura, tecnologia e religião. Nos últimos anos, ele tem estado na vanguarda da pesquisa e da defesa do caráter distintivo da Educação Católica e é cofundador do projeto internacional Global Researchers Advancing Catholic Education (G.R.A.C.E.). Comissão de Síntese Redigido o documento, ele será repassado aos membros da comissão do relatório de síntese, que inclui o Cardeal Hollerich; Cardeal Mario Grech, secretário-geral da secretaria do Sínodo; o cardeal Fridolin Ambongo Besungu, de Kinshasa, Congo; o cardeal Gerald LaCroix, de Quebec; Cardeal George

Cardeais enviam cinco Dubia ao Papa Francisco ante o Sínodo sobre a Sinodalidade

A dubia (plural latino de dubium) é um conjunto de perguntas ao Sumo Pontífice que expressam as preocupações dos cardeais assinantes. Eles podem esclarecimentos sobre pontos de doutrina de disciplina antes da abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade. As questões foram enviadas pelo Cardeal Walter Brandmüller, Cardeal Raymond Burke, Cardeal Zen Ze-Kiun, Cardeal Juan Sandoval Íñiguez e Cardeal Robert Sarah. O documento foi enviado em 21 de agosto solicitando clareza sobre tópicos relacionados ao desenvolvimento doutrinário, à bênção das uniões do mesmo sexo, à autoridade do Sínodo sobre a Sinodalidade, à ordenação de mulheres e à absolvição sacramental. Os prelados afirmam ter apresentado uma versão anterior das dubia em 10 de julho e recebeu uma resposta do Papa Francisco no dia seguinte. Porém, o Papa respondeu com respostas completas, e não na forma habitual de respostas “sim” e “não”, o que tornou necessário apresentar um pedido de esclarecimento revisto, o que foi feito no dia 21 de agosto. A reformulação foi para suscitarem respostas de “sim” ou “não”. Os cardeais recusaram a mostrar a resposta do papa de 11 de julho, pois afirmam que a resposta foi dirigida apenas a eles e, portanto, não se destinava ao público. Eles também afirmam ainda não terem recebido resposta às dubia reformuladas e enviadas ao papa em 21 de agosto. Em carta aos fiéis datada de hoje, os cardeais explicaram que decidiram submeter as dubia “em vista de várias declarações de prelados altamente colocados” feitas em relação ao próximo Sínodo que foram “abertamente contrárias à doutrina constante e disciplina da Igreja.” A prática e uso de dubia A prática de emitir dubia ganhou destaque durante o pontificado do Papa Francisco. Em 2016, os cardeais Burke e Brandmüller, com os falecidos cardeais Carlo Caffarra e Joachim Meisner, apresentaram cinco dubia ao Papa Francisco buscando esclarecimentos sobre a interpretação da exortação apostólica Amoris Laetitia, particularmente no que diz respeito à admissão de católicos divorciados e recasados aos sacramentos. Em 2021, a DDF emitiu uma responsa ad dubium dando um simples “não” a uma dúvida sobre se a Igreja tem “o poder de dar a bênção às uniões de pessoas do mesmo sexo”. Nesse mesmo ano, o Dicastério para o Culto Divino emitiu uma responsa ad dubia sobre várias questões relacionadas com a implementação dos Custódios Traditionis, o motu proprio do Papa Francisco que restringe a Missa Tradicional em Latim. Então, em janeiro deste ano, o Padre Jesuíta James Martin enviou diretamente ao Papa Francisco um conjunto de três dubia em busca de esclarecimentos sobre os comentários que o Santo Padre fez à Associated Press sobre a questão da homossexualidade. O Papa respondeu às perguntas com uma carta manuscrita dois dias depois. O conteúdo das dubia A primeiro questão diz respeito ao desenvolvimento da doutrina e à afirmação feita por alguns bispos de que a revelação divina “deve ser reinterpretada conforme as mudanças culturais do nosso tempo e conforme a nova visão antropológica que essas mudanças promovem; ou se a revelação divina é obrigatória para sempre, imutável e, portanto, não deve ser contradita”. Assim, os cardeais questionam: “É possível que a Igreja hoje ensine doutrinas contrárias àquelas que ela ensinou anteriormente em questões de fé e moral, seja pelo Papa ex cathedra, ou nas definições de um Concílio Ecumênico, ou no magistério ordinário universal dos bispos dispersos pelo mundo (cf. Lumen Gentium, 25)?” Na segundo pergunta, sobre a bênção das uniões do mesmo sexo, sublinharam o ensinamento da Igreja baseado na revelação divina e nas Escrituras de que “Deus criou o homem à sua imagem, homem e mulher, criou-os e abençoou-os, para serem frutíferos” (Gen. 1:27-28), e o ensinamento de São Paulo de que negar a diferença sexual é a consequência da negação do Criador (Rm 1:24-32). Eles então perguntam ao Papa duas coisas: primeiro, se, em “algumas circunstâncias”, um padre abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo é possível que: “O comportamento homossexual como tal não seria contrário à lei de Deus e à jornada da pessoa em direção a Deus?” Ligados a essa pergunta, os cardeais também questionaram se o ensinamento da Igreja continua a ser válido de que: “Todo ato sexual fora do casamento, e em particular os atos homossexuais, constitui um pecado objetivamente grave contra a lei de Deus, independentemente das circunstâncias em que ocorre e da intenção com que é realizado.” No terceiro questionamento, os cardeais falam sobre a sinodalidade, se ela pode ser o critério mais elevado de governo da Igreja sem comprometer “a sua ordem constitutiva desejada pelo seu Fundador”, dado que o Sínodo dos Bispos não representa o colégio dos bispos, mas é “apenas um órgão consultivo” do Papa. Assim, formularam a dubium: “O Sínodo dos Bispos, que se realizará em Roma, e que inclui apenas uma representação escolhida de pastores e fiéis, exercerá, nas questões doutrinais ou pastorais sobre as quais for chamado a exprimir-se, a autoridade suprema da Igreja, que pertence exclusivamente ao Romano Pontífice e, una cum capite suo, ao colégio dos bispos (cf. cân. 336 C.I.C.)?” Na quarta dúvida, os cardeais abordaram declarações de alguns prelados, novamente “nem corrigidas, nem retratadas”, que dizem que, como a “teologia da Igreja mudou”, as mulheres podem ser ordenadas sacerdotes. Eles, portanto, perguntaram ao Papa, considerando o ensinamento do Concílio Vaticano II e a carta apostólica de São João Paulo II, Ordinatio Sacerdotalis, se “Poderia a Igreja no futuro ter a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, contradizendo assim que a reserva exclusiva deste sacramento aos homens batizados pertence à própria substância do sacramento da ordem, que a Igreja não pode mudar?” A última questão diz respeito à insistência frequente do Santo Padre de existir o dever de absolver a todos e sempre, de modo que pareça que o arrependimento não seja uma condição necessária para a absolvição sacramental. Os cardeais perguntaram se a contrição do penitente continua a ser necessária para a validade da confissão sacramental e, portanto, se: “Pode um penitente que, embora admitindo um pecado e se recuse a ter, de qualquer

Arcebispo Fernandes afirma que Sínodo não trará ordenações de mulheres

O atual presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Victor Manuel Fernández, publicou ontem em seu perfil do Facebook o que acredita que se deve esperar do sínodo. Para ele, a proposta deste ano é uma reflexão mais geral sobre “que tipo de Igreja queremos, que o mundo hoje precisa de nós”. https://www.facebook.com/victormanuel.fernandez.378/posts/pfbid02ctZ5ve9iBFYbkWSfW4EXCL3HSsT3ECiWEzDqCxvGaSwPpxZMKSigwkChtzvQBLp1l E também destaca que não crê “que questões como o celibato, a ordenação de mulheres ou coisas assim serão debatidas este mês, porque cada um desses temas exigiria muito estudo prévio”. Assim, ainda que afirme que não se possa esperar o tema para este sínodo, não fecha as possibilidades para uma discussão futura. Abaixo, a mensagem toda traduzida do espanhol: O Sínodo que começa Amigas e amigos, amanhã terá início o Sínodo da Igreja, com participantes escolhidos de todo o mundo. Digo que começa amanhã porque à tarde todos os participantes irão para uma casa de retiro para iniciar um momento de oração. Portanto, podemos dizer que o Consistório que criará os Cardeais é algo secundário diante deste fato que é muito mais relevante para a Igreja. O lugar dos leigos Embora seja um Sínodo dos Bispos, um número significativo de leigos e leigas terá direito a voto. Isto é surpreendente porque noutros Sínodos participaram leigos, mas não tiveram qualquer influência nas decisões finais. Agora, com o seu voto, dezenas de leigos e leigas podem mudar o curso de uma votação. Vamos pensar que às vezes algo não vai adiante por uma diferença de alguns votos. O que podemos esperar Se isso fosse algo puramente humano, poderíamos fazer cálculos e dizer que uma decisão ou outra será tomada. Mas como o Espírito Santo tem muito a ver com isso aqui, não podemos saber que rumo seguirá. Se apenas duas ou três pessoas interviessem, poderia ser um pouco manipulado, mas participarão centenas de pessoas de lugares muito distantes e com formas de pensar muito diferentes. Além disso, são pessoas que passarão três dias em oração. Esperamos que o Espírito Santo faça alguma coisa. O problema é que o Sínodo deste ano não se propõe abordar quatro ou cinco questões discutidas. Isso pode acontecer no próximo ano, mas não agora. Este ano é uma reflexão mais geral, mas não menos interessante: que tipo de Igreja queremos, o que o mundo hoje precisa de nós, qual é a Igreja que o Senhor quer hoje que ilumine o mundo em que vivemos. Mas isso não será interessante para a imprensa. Por mais interessante e útil que nos pareça, não será algo que encherá as manchetes dos meios de comunicação e das redes. Para o mundo pode parecer um fracasso ou uma reunião irrelevante. Não será assim para nós se permanecermos dóceis ao Espírito Santo. O Papa Francisco sabe disso e sempre diz que não se trata de ganhar espaço, mas de gerar novos processos que darão frutos sabe-se lá quando. O que não devemos esperar Embora devamos permanecer abertos ao que Deus quer fazer, não creio que questões como o celibato, a ordenação de mulheres ou coisas assim serão debatidas este mês, porque cada um desses temas exigiria muito estudo prévio, debates regionais, e então para cada um desses tópicos seriam necessários pelo menos um ou dois Sínodos inteiros. Portanto, no que diz respeito a estas questões altamente debatidas, apenas poderia aparecer o pedido para estudá-las, mas não conclusões. Simplesmente não seria sério. Na verdade, este ano o Sínodo nem sequer terminará com um documento final. Pelo amor da Igreja, amigos, dediquemos um momento nestes dias para rezar, para pedir que o Espírito Santo invada este Sínodo, guie e ilumine cada passo e cada momento. Obrigado.

Trump dobra a aposta e critica grupos pró-vida

Donald Trump dobrou suas críticas recentes às rígidas proteções pró-vida, sugerindo também que organizações pró-vida têm administrado “alguma espécie de negócio”, arrecadando dinheiro para acabar com aborto durante décadas sem alcançar resultados significativos. A fala foi durante uma entrevista com o editor-chefe do National Pulse, Raheem Kassam, e que foi ao ar na terça-feira. Trump repetiu argumentos anteriores de que os republicanos perdem as eleições quando se concentram na abolição do aborto e enfatizou o seu papel no avanço da legislação pró-vida, com suas indicações pró-vida para a Suprema Corte americana. O ex-presidente sugeriu a Kassam as posições sobre o aborto foram o motivo por que inúmeros candidatos apoiados pelo ex-presidente dos EUA perderam nas eleições de meio de mandato em 2022. Dos 79 candidatos, 46 conseguiram alguma vitória. Os movimentos pró-vida contestaram as alegações de que a culpa era da agenda pró-vida. Trump também gerou indignação ao atacar organizações pró-vida que arrecadaram dinheiro e fizeram lobby para acabar com o aborto. A crítica foi por elas não conseguirem grandes vitórias em todo o país antes da decisão da Suprema Corte dos EUA em junho de 2022 no caso Dobbs vs. “direito” federal ao aborto, que revogou a decisão Roe vs Wade. A vitoriosa campanha de Trump em 2016 teve forte apoio de movimentos pró-vida pelo compromisso que ele assumiu de indicar juízes pró-vida para a Suprema Corte. Porém, a posição dele quanto ao aborto tem sido mais flexível após a derrota nas eleições de meio de mandato, onde os Republicanos conseguiram a maioria da Câmara dos Deputados, mas não no Senado. Além disso, a esperada “onda vermelha”, cor do Partido Republicano nos EUA, não se realizou conforme esperado por algumas lideranças. Contudo, as estimativas do Real Clear Politics previam um resultado próximo ao final. Informações com o LifeSiteNews.

Novo cardeal de Hong Kong afirma que o objetivo da Igreja na China não são conversões

O cardeal eleito Stephen Chow disse na quinta-feira que a evangelização na China deve se concentrar na comunicação do amor de Deus “sem a agenda de transformá-los em católicos”. A fala foi durante uma entrevista, em Roma, à CNA, no dia 28 de setembro. O bispo de Hong Kong, que será nomeado cardeal no consistório deste fim de semana, falou sobre a sua visão para a evangelização na China continental. “Acho importante dizermos que o Papa Francisco fez uma distinção. A evangelização é realmente ajudar as pessoas a compreender o amor de Deus – e o amor de Deus sem a agenda de transformá-las em católicos – porque esse não deveria ser o foco, pois esse foco seria muito restritivo”, disse Chow. Nas viagens do Papa Francisco a países onde os católicos são minoria, o Papa fez uma distinção entre “proselitismo” e “evangelização”. Segundo o pontífice, em discurso aos jesuítas em Moçambique em 2019 “a evangelização é essencialmente testemunho”. Já “o proselitismo é convincente, mas tem tudo a ver com a adesão e tira a liberdade”. E, durante uma audiência geral em 11 de janeiro de 2023, o Papa Francisco enfatizou que evangelização e proselitismo não são o mesmo. “E não começa tentando convencer os outros, mas testemunhando diariamente a beleza do Amor que nos olhou e nos elevou”, destacou o Santo Padre falando sobre a evangelização. O Papa Francisco recordou uma frase de uma homilia proferida pelo Papa Bento XVI num encontro de bispos latino-americanos e caribenhos em Aparecida, Brasil, em 2007: “A Igreja não se envolve em proselitismo. Em vez disso, ela cresce por ‘atração’”. O povo chinês enfrentou restrições crescentes à liberdade religiosa na última década. Os padres católicos só estão autorizados a ministrar em locais de culto reconhecidos, onde menores de 18 anos não estão autorizados a entrar. No início deste mês, o governo chinês implementou novas Medidas sobre a Gestão de Locais de Atividades Religiosas que proíbem a exibição de símbolos religiosos ao ar livre, exigem que a pregação “reflita os valores socialistas fundamentais” e limitam todas as atividades religiosas a locais religiosos aprovados pelo governo, conforme a organização China Aid. Apesar das restrições, dois bispos da China continental foram autorizados a viajar a Roma para participar na assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade, em outubro. O cardeal eleito Stephen Chow também é delegado sinodal, nomeado pessoalmente pelo Papa Francisco para participar da assembleia que dura quase um mês. Informações com a CNA.

Presidente da Conferência Episcopal Suíça quer abolir o celibato, ordenar mulheres e mudar a doutrina moral da Igreja

As afirmações foram durante uma entrevista ao Neue Zürcher Zeitung (NZZ) no último domingo, onde Dom Félix Gmür, bispo de Basileia e presidente da Conferência Episcopal Suíça, defendeu a abolição do celibato, a admissão das mulheres ao sacerdócio e a mudança da doutrina moral católica. Para o prelado, é necessário questionar as condições atuais, tendo chegado o momento de abolir o celibato e permitir o acesso das mulheres ao sacerdócio. Ele também defende que o poder na Igreja deve ser melhor distribuído e falou que fará “lobby em Roma para que a Igreja seja descentralizada”. A Conferência Episcopal Suíça decidiu criar um tribunal eclesiástico criminal e disciplinar para a Igreja Católica Romana na Suíça. No entanto, a criação do tribunal ainda precisa de ser discutida com o Papa, visto que tal instituição não está prevista no direito canônico. Dom Gmür ainda falou que “chegou a hora de abolir o celibato”, pois “o celibato significa que estou disponível para Deus. Mas penso que a sociedade de hoje já não entende este sinal”. E afirmou que “a subordinação das mulheres na Igreja Católica é incompreensível” e que “são necessárias mudanças”. Informações com o InfoCatólica.

Ministro Barroso pede destaque e interrompe julgamento sobre o aborto

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu destaque no julgamento da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que questiona a ilegalidade do aborto até a 12ª semana de gestação. Com o pedido de destaque, o processo é interrompido, retirado do plenário virtual e encaminhado para o plenário físico. A análise do caso foi aberta na madrugada desta sexta-feira, 22 de setembro. A solicitação do magistrado suspendeu a votação. Rosa Weber, relatora do caso e atual presidente do STF, foi a única a votar e deu parecer favorável à descriminalização do aborto até a 12ª semana. A ação começou há seis anos, quando o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) entrou com uma ação que pedia a liberação do procedimento para mulheres com até 12 semanas de gestação. O argumento é que a medida viola preceitos fundamentais da dignidade, da cidadania, da não discriminação, da inviolabilidade da vida, da liberdade, da igualdade, da proibição de tortura ou tratamento desumano ou degradante e da saúde. A decisão da ministra Rosa Weber de marcar o julgamento e de votar favorável à ação do PSOL causou a mobilização de lideranças pró-vida pelo país que defendem que o STF não tem autoridade para julgar tal caso, visto que, na prática, criaria uma legislação, ação que é responsabilidade do Poder Legislativo.

Sequestram padre católico na Nigéria

O sacerdote nigeriano Marcellinus Obioma Okide foi sequestrado em 17 de setembro enquanto viajava para sua paróquia, St. Mary Amofia-Agu Affa, localizada no estado de Enugu, sudeste da Nigéria. Em uma mensagem, assinada pelo chanceler diocesano, P. Wilfred Chidi Agubuchie, a Diocese pede orações pela sua libertação e por uma mudança de atitude por parte dos sequestradores. A Ajuda a Igreja que Sofre apelou “às forças policiais para que intensifiquem os seus esforços para devolver o Padre Okide à sua comunidade e levar os responsáveis à justiça o mais rapidamente possível”. A Nigéria vive uma grande insegurança desde 2009, quando a insurreição do Boko Haram começou com o objectivo de transformar o país num Estado Islâmico. Desde então, o grupo terrorista, um dos maiores grupos islâmicos na África, orquestra ataques indiscriminados contra vários alvos, incluindo grupos religiosos e políticos, bem como civis. O Padre Okide é o mais recente de uma série de raptos de membros do clero no país mais populoso de África. No dia 2 de agosto, um sacerdote e um seminarista foram sequestrados na diocese de Minna. Ambos foram libertados em 23 de agosto, após três semanas em cativeiro. Informações com a ACI Prensa.