A Igreja está agora em uma “fase mais profunda” do Vaticano II

Pe. Ormond Rush. Créditos: Vatican News.

Afirmação foi do padre australiano Ormond Rush durante um discurso aos membros do Sínodo no início da sua última semana em Roma. Durante seu discurso no início desta última semana do Sínodo da Sinodalidade, ele instou os participantes a recorrerem aos argumentos do Vaticano II para os seus procedimentos. Ele também destacou que o evento “é um diálogo com Deus” e falou sobre “tradição” como entendida no Vaticano II a luz dos escritos de 1960 do então cardeal Joseph Ratzinger.

O padre Rush, sacerdote da Diocese de Townsville, é conhecido pelos seus numerosos escritos que promovem o Concílio Vaticano II como um apelo à “renovação e reforma da Igreja Católica”. E defende uma maior implementação do seu novo estilo de envolvimento com a Igreja Católica, mundo e com os católicos.

O sacerdote está estreitamente envolvido no Sínodo da Sinodalidade, servindo como parte da comissão teológica consultiva da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos. Ele é membro sem direito a voto do Sínodo, mas como um dos especialistas, tem a tarefa de compilar os vários relatórios de pequenos grupos no relatório oficial de síntese de toda a reunião.

Citando direta e frequentemente os relatos do então padre Joseph Ratzinger sobre o Concílio Vaticano II, o padre australiano destacou como “podemos até falar do Concílio como um novo começo” em termos do afastamento de uma postura “antimodernista” sobre a qual Ratzinger escreveu.

Anteriormente a sua viagem à Roma para o Sínodo, o padre Rush já argumentara que “o Papa Francisco, com a sua noção de ‘sinodalidade’, está simplesmente reunindo muitos elementos dessa visão do Concílio”. “Portanto, podemos dizer que estamos agora entrando numa fase mais profunda na recepção do Concílio Vaticano II”.

Em citação aos escritos de Ratzinger de 1969, o sacerdote australiano argumentou que a Dei Verbum do Concílio Vaticano II apresenta “uma compreensão da revelação que é vista basicamente como diálogo”. “A leitura das Escrituras é descrita como um diálogo entre Deus e os seres humanos… O diálogo de Deus é sempre mantido no presente… com a intenção de nos forçar a responder”, disse Rush, citando Ratzinger.

Assim, ele concluiu afirmando que “este Sínodo é um diálogo com Deus”. E, em sua opinião, “esse tem sido o privilégio e o desafio de suas ‘conversas no Espírito’. Deus está aguardando sua resposta.”

Ratzinger, o progressista?

Embora Rush tenha citado repetidamente Ratzinger no seu discurso, destaca-se que o padre australiano se inspirou fortemente nos escritos do falecido Papa Bento XIV logo após o Concílio Vaticano II.

O historiador Roberto de Mattei, em sua extensa história do concílio, descreveu Ratzinger como um dos teólogos alemães que “se distinguiram” por estar “no ‘flanco em marcha’ do progressismo”. O jovem Ratzinger trabalhou em estreita colaboração com clérigos dissidentes como os Padres Karl Rahner, Bernard Häring e Yves Congar durante o concílio. Porém, o historiador acrescenta que, anos mais tarde, Ratzinger redescobriu o “papel da tradição e das instituições romanas”.

O biógrafo de Ratzinger, Peter Seewald, argumentou que “é definitivamente assim que os seus impulsos contribuíram na época para o avanço do Modernismo na Igreja Católica”. No entanto, ele divergia na opinião de De Mattei, argumentando que Ratzinger não realizou uma “virada conservadora”.

Para Seewald, “Ratzinger sempre foi um teólogo progressista”. E ele explica que “a noção de progressista estava [então] sendo entendida de forma diferente do que é hoje: como uma modernização da casa, não como a sua destruição”.

Informações com o LifeSiteNews.

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