Papado

Novo cardeal de Hong Kong afirma que o objetivo da Igreja na China não são conversões

Cardeal eleito Stephen Chow. Créditos: Courtney Mares / CNA

O cardeal eleito Stephen Chow disse na quinta-feira que a evangelização na China deve se concentrar na comunicação do amor de Deus “sem a agenda de transformá-los em católicos”. A fala foi durante uma entrevista, em Roma, à CNA, no dia 28 de setembro. O bispo de Hong Kong, que será nomeado cardeal no consistório deste fim de semana, falou sobre a sua visão para a evangelização na China continental.

“Acho importante dizermos que o Papa Francisco fez uma distinção. A evangelização é realmente ajudar as pessoas a compreender o amor de Deus – e o amor de Deus sem a agenda de transformá-las em católicos – porque esse não deveria ser o foco, pois esse foco seria muito restritivo”, disse Chow.

Nas viagens do Papa Francisco a países onde os católicos são minoria, o Papa fez uma distinção entre “proselitismo” e “evangelização”. Segundo o pontífice, em discurso aos jesuítas em Moçambique em 2019 “a evangelização é essencialmente testemunho”. Já “o proselitismo é convincente, mas tem tudo a ver com a adesão e tira a liberdade”.

E, durante uma audiência geral em 11 de janeiro de 2023, o Papa Francisco enfatizou que evangelização e proselitismo não são o mesmo. “E não começa tentando convencer os outros, mas testemunhando diariamente a beleza do Amor que nos olhou e nos elevou”, destacou o Santo Padre falando sobre a evangelização.

O Papa Francisco recordou uma frase de uma homilia proferida pelo Papa Bento XVI num encontro de bispos latino-americanos e caribenhos em Aparecida, Brasil, em 2007: “A Igreja não se envolve em proselitismo. Em vez disso, ela cresce por ‘atração’”.

O povo chinês enfrentou restrições crescentes à liberdade religiosa na última década. Os padres católicos só estão autorizados a ministrar em locais de culto reconhecidos, onde menores de 18 anos não estão autorizados a entrar.

No início deste mês, o governo chinês implementou novas Medidas sobre a Gestão de Locais de Atividades Religiosas que proíbem a exibição de símbolos religiosos ao ar livre, exigem que a pregação “reflita os valores socialistas fundamentais” e limitam todas as atividades religiosas a locais religiosos aprovados pelo governo, conforme a organização China Aid.

Apesar das restrições, dois bispos da China continental foram autorizados a viajar a Roma para participar na assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade, em outubro. O cardeal eleito Stephen Chow também é delegado sinodal, nomeado pessoalmente pelo Papa Francisco para participar da assembleia que dura quase um mês.

Informações com a CNA.

Henrique Weizenmann

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